quarta-feira, 28 de julho de 2010


"Se um dia ou uma noite, um demônio se esgueirasse até você e, penetrando na sua mais solitária solidão, lhe dissesse: "Esta vida, da maneira como você vive agora e já viveu antes, você terá que vivê-la mais uma vez e outras inumeráveis vezes; e não haverá nada de novo nela, mas cada tormento e cada alegria e cada pensamento ou suspiro e cada coisa imensuravelmente pequena ou grande em sua vida, deverá retornar a você — tudo na mesma sucessão e seqüência..." Como não atirar-se ao chão, rangendo os dentes e amaldiçoando o demônio que assim lhe falou? Ou você alguma vez já experimentou aquele formidável momento em que teria respondido a ele: "És um deus, e jamais havia escutado algo mais divino."... Como teria você se tornado tão bem disposto perante você mesmo e a vida para chegar a não desejar coisa alguma mais ardentemente que este supremo desígnio e esta confirmação eterna?" -(Nietzsche)

A vida só tem valor pois é passível de perda e a dor. A vida é falível, imperfeita e o fato de não desejarmos vivê-la novamente e eternamente, não implica desconhecer seu valor, mas sim em valorizar estes momentos possíveis de perda e dor. Não desejamos morrer, pois na morte não existe perda, dor... não existe vazio e por isso não existe a vida.

A motivação da vida é a dor que ela proporciona, pois se quisessemos paz, haveria a morte.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Nos estamos tão acostumados a viver nossas vidas querendo ou não alguma coisa, que as vezes não paramos pra pensar se é realmente nossa vontade falando.

Somente quem é pode desejar e em minha experiência clínica percebo um "mal comum", onde os pacientes que chegam ao meu consultório derivam de uma ausência de desejo, proveniente da ausência de Self, de ser.

Self significa si mesmo e é o conhecimento que o indivíduo tem de si mesmo e de suas próprias ações e relacionamentos interpessoais. É como o indivíduo se percebe e se constitui no mundo.

É o self que permite que o sujeito se apresente ao mundo como um ser desejante, com querer próprio e sem ele não podemos ser e estar no mundo de forma saudável, apenas vivemos através das experiências dos outros e não a partir de nossas próprias vivências.

Através da psicanálise, aprendemos que o Self só existe através das relações que se estabelecem no início da vida. Para Winnicott, esta relação importante se dá através do encontro entre a mãe e o bebê e é a partir deste que o bebê se tornará um corpo e que posteriormente, se constituará como um adulto saudável e desejante no mundo.

A mãe é o primeiro ambiente do bebê e esta exerce a função de integrar ao bebê um ambiente externo e novo possibilitando então o desenvolvimento individual. É a mãe que permite que a criança inicie um processo real de desenvolvimento, ou seja, oferece um apoio a esta que possui um Self fraco e forte ao mesmo tempo. Neste momento, o bebê não existe ainda no mundo, existe apenas através do olhar da mãe.

Portanto, o que permite que o bebê se constitua como um individuo desejante é a mãe, que significa o bebê como um corpo. A mãe intui o corpo do bebê em seu tempo e espaço próprio e é capaz então de criar o bebê e seu corpo através de encontros, desencontros e significados. Para Winnicott, o corpo não se constitui somente através do biológico e sim também de todas as experiências vividas através das relações iniciais. O adulto se constitui e se relaciona como aprendeu na infância.

Por isso, deve haver um espelhamento entre a mãe e o bebê que permite a estruturação do self. A mãe deve permitir ser criada pelo bebê e esta deve então tornar o bebê um ser que experimenta da criatividade e posteriormente do desejo.

O analista frente ao paciente possui a mesma função que a mãe frente ao bebê. É somente através desta relação que se dá uma analise satisfatória.

Nesta, é o outro que deve conduzir e induzir o tempo e o espaço, para que o analista possa então estar e entender o outro que se apresenta, como ele realmente é.

Nosso papel de analista é muito importante para a vida e constituição de muitos dos outros que se apresentam a nos, em nossos consultórios e em nossas vidas, tornando serem não desejantes, que não possuem um self verdadeiro e real em adultos que "...sintam que estão vivendo sua própria vida, asumindo responsabilidades pela ação ou pela inatividade, e sejam capaz de assumir os aplausos pelo sucesso ou as censuras pelas falhas. Em outras palavras, pode-se dizer que o indivíduo emergiu da dependência para a independência, ou a autonomia." (Winnicott, 2006)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Grupo de Estudos - Introdução à Psicanálise

Grupo de estudos - Introdução à Psicanálise.

A Pulsãoe suas vicissitudes, Transferência e Contra-transferência, Repetição em Psicanálise, introdução à autores discípulos de Freud.

Início grupo: Setembro/2010
10 Encontros semanais, com duração de 01 hora.
2 parcelas de 150,00 ou a vista 5% de desconto.

Local: Tatuapé - SP

Interessados entrar em contato através do e-mail: vanessa.caramelo@uol.com.br ou telefone: (11) 8463-6000.