quinta-feira, 13 de maio de 2010

Em todo relacionamento sempre achamos que precisamos da pessoa muito mais do que realmente precisamos e isso é a magia do relacionamento, é o que nos faz querer sair com a pessoa que está ali na nossa frente, e isso se repete por mais de uma vez, quando a paixão realmente acontece.

Aristófanos nos conta que na mitologia, os seres humanos eram divididos em 3 gêneros: feminino, masculino e o que possuía ambas características e por isso era dotado de grande poder e resistência. Com o passar do tempo, estes seres completos - femininos e masculinos - começaram a conspirar contra os Deuses e Zeus resolveu então dividi-los, os torna partes incompletas e incapazes de se unirem. A partir daí cada parte viveu em busca do que lhe completa, de sua outra metade.

Todos desejam ser amados, mesmo que não se fale sobre isso. O amor nos traz a idéia e a sensação de plenitude, ou seja, seremos completos somente se tivermos alguém para amar e se formos amados.

Freud inclui neste contexto a teoria das pulsões, que são os desejos em busca de satisfação. O homem vive em uma repetição,do objetivo de satisfazer-se a partir de suas pulsões. E estas pulsões nunca são satisfeitas de forma plena.

Assim como a meta da pulsão é satisfazer-se, a meta do amor é encontrar-se. A pulsão possui como rumo o amor, que não é apenas o belo, mas também o feio e odioso.

O amor pelo odioso sufoca, não dá lugar ao outro de forma saudável, o desfigura e transforma. Este amor é patológico, psicótico e muito se assemelha ao amor do ser apaixonado, que transforma o outro amado em único, onipresente em si mesmo. O ser apaixonado consegue o impossível, e como, a paixão não dura.

Todos nos possuímos defeitos e devemos conviver com estes. O amor apaixonado não permite defeitos, não permite o real. Será essa pessoa amada uma pessoa realmente?
Estes desejos que são jogados no outro causam uma série de sofrimentos por amor, onde o apaixonado busca no outro um amor impossível e totalmente criado por seus próprios desejos. Há uma busca pela essência do ser amado, que está ligada a busca por nossa própria essência e a transferência destas em forma de desejos, vistos no ser amado.

O objeto de amor é uma escolha que não se dá por acaso. Para Freud, há dois tipos de escolhas do objeto amado que podem aparecer mescladas,ou seja, aparecem hora uma, hora outra: a escolha narcísica e a analítica. O amor narcísico, por exemplo, é muito comum na paixão, onde o amado corresponde ao si mesmo, ao que foi, ou ao que pode e quer vir a ser.

Será que o amor não é sempre um amor narcísico?

O amor real existe quando os defeitos aparecem, e o eu não esta mais presente no outro de forma narcísica. Quando este outro agora é cheio de defeitos e fraquezas, pode-se dizer que a paixão virou amor real. É o amor pelo outro real. O amor passa a existir frente a dois e não mais apenas um desejo.

Segundo Sócrates, o amor não pode ser belo, pois o amor é falta, ou seja, o amor sempre vem do que se gostaria de possuir e de ser, portanto, é sempre um amor narcísico.

O amor, para Freud é repetição, o objeto de amor é sempre repetido, onde encontrar o objeto amado é sempre reencontrá-lo, é substituto de um objeto anterior e matricial que pode ser criado no Édipo.

Toda relação é de transferência, de repetição. Buscamos no outro e nas relações algo perdido e assim como no amor, na terapia a transferência acontece. “A psicanálise é em essência uma cura por amor”. O amor pelo qual Freud se refere aqui, é o amor como conduta, ética de entender que o sofrimento é uma condição humana, onde o papel do terapeuta é acompanhar outro, sem tomar seu lugar ou viver seu sofrimento, apenas acompanhá-lo.

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