sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O Equilíbrio Para Osho

"Quando a sua mente, quando o seu coração, quando o seu ser estiver sen­do puxado em duas direções diferentes ao mesmo tempo, você está criando o inferno. 
E, quando você é total, é uno, uma unidade orgânica nessa própria unidade orgânica, as flores celestiais começaram a desabrochar em você. 

As pessoas continuam preocupadas com seus atos: Que tipo de atitude é certa e que tipo de atitude é errada? O que é bom e o que é ruim? 

No meu entendimento, não é uma questão de saber que ato você está praticando. Tudo depende da sua psicologia. Se você o pratica de corpo e alma, ele é bom; se você está dividido, ele é ruim. Dividido você sofre; integrado, você dança, você canta, você celebra. 

Você pode explicar um pouco mais a respeito da arte de equilibrar esses dois opostos? A minha vida é multas vezes uma experiência cheia de extremos, em que parece difícil manter o caminho do meio por um tempo. 

A vida consiste em extremos. A vida é uma tensão entre os opostos. Se você fica exatamente no meio o tempo todo, isso significa que está morto. O meio é só uma possibilidade teórica; só de vez em quando você consegue ficar no meio, é uma fase transitória. É como andar na corda bamba; não dá para ficar o tempo todo no meio; se tentar, você cai. 

Ficar no meio não é um estado estático, é um fenômeno dinâmico. Equilí­brio não é um substantivo, é um verbo; é equilibrar-se. O equilibrista que anda na corda bamba vai endireitando o corpo mais para a esquerda ou mais para a direita. Quando acha que pendeu demais para um lado e corre o risco de cair, ele imediatamente recupera o equilíbrio pendendo para o lado oposto. Na tran­sição da esquerda para a direita, aí sim, existe um momento em que o equilibrista está no meio. E, quando vai muito para a direita e fica com medo de cair, ele perde o equilíbrio e joga o peso para a esquerda, passando por um instante mais uma vez pelo meio. 

É a isso que eu me refiro quando afirmo que o equilíbrio não é um subs­tantivo, mas um verbo - é equilibrar-se, um processo dinâmico. Você não pode simplesmente ficar no meio. Você fica o tempo todo pendendo para a esquerda e para a direita; esse é o único jeito de ficar no meio. 

Não evite os extremos e não escolha nenhum deles. Continue aberto para as duas polaridades - essa é a arte, o segredo do equilíbrio. Sim, às vezes ficar extremamente feliz e outras vezes ficar extremamente triste – os dois sentimentos têm a sua beleza. 

A mente faz escolhas; é aí que surge o problema. Não escolha. Seja o que for que aconteça e onde quer que esteja – na direita ou na esquerda, no meio ou longe do meio - aproveite o momento em sua totalidade. Enquanto está feliz, dance, cante, toque uma música – seja feliz! E quando a tristeza chegar - porque ela sempre chega, tem de chegar é inevitável, não dá para evitar... Se você tentar evitá-la você destruirá todas as possibilidades de felicidade. O dia não pode existir sem a noite, o verão não pode existir sem o inverno. A vida não pode existir sem a morte. Deixe que essa polaridade cale fundo dentro de você – não há como evitá-la. A única maneira de evitá-la é morrer um pouco a cada dia; só uma pessoa morta pode permanecer num meio estático. A pessoa viva está em constante movimento – passa da raiva para a compaixão e da compaixão para a raiva novamente – e aceita ambos, sem se identificar com nenhum dos dois, mas se mantendo alheia e ao mesmo tempo envolvida; distante, mas comprometida. A pessoa viva usufrui e ao mesmo tempo permanece como uma flor de lótus - na água, sem se deixar molhar por ela.

O seu próprio esforço para ficar no meio, e ficar no meio para sempre, está criando uma ansiedade desnecessária em você, Na verdade, o desejo de ficar no meio para sempre é outro extremo – a pior espécie de extremo, pois é impossível. Não pode ser alcançado. Pense num relógio antigo: se você segurar o pêndulo exatamente no meio, ele para. O relógio só funciona enquanto o pêndulo está se movendo para lá e para cá. Sim ele sempre passa pelo meio, e existe um momento em que fica exatamente ali, mas não passa de um momento.

E é tão belo! Quando você passa da felicidade para a tristeza, da tristeza para a felicidade, existe um momento de total silêncio – aproveite-o também.

A vida tem de ser vivida em todas as dimensões, só assim ela é rica. O que está sempre à esquerda é pobre, o que está sempre à direita é pobre e o que fica sempre no meio está morto! Se você está vivo, não pode ficar sempre à esquer­da, sempre à direita ou sempre no meio - você fica em constante movimento, num fluxo. "

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